Saiu no El Madrid Brasil: Revista Internacional Animals revela maus tratos em fazenda de jumentos no Brasil e perda de 60% desses animais nos últimos 5 anos
Publicação “Donkey Slaughter in Brazil: A Regulated Production System or Extractive Model?” é assinada pela Universidade Federal de Alagoas
Entre 2017 e 2022, mais de 60% da população de jumentos no Brasil foi abatida, sobretudo no Nordeste, para atender ao mercado chinês de carne e de pele destinada à produção de ejiao — uma gelatina usada na medicina tradicional chinesa, sem comprovação científica. O dado foi revelado em estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), recentemente publicado na revista científica internacional Animals, reforçando o alerta de que a espécie corre risco de desaparecer.
Intitulado “Donkey Slaughter in Brazil: A Regulated Production System or Extractive Model?”, o documento assinado pelo professor Pierre Barnabé Escodro, doutor em Ciências pela UFAL, menciona a análise feita em 104 jumentos destinados ao abate, no ano de 2019, quando foi constatada a presença de animais em estado nutricional crítico, com inflamações e sinais evidentes de sofrimento. Exames identificaram animais com inflamações sistêmicas, doenças infecciosas e sinais claros de maus-tratos, confirmando que a atividade, além de cruel, representa uma ameaça à saúde pública.
Suas pesquisas concluíram que o sistema de criação de jumentos no Brasil segue um modelo claramente extrativista, voltado apenas à retirada de recursos, sem qualquer investimento em bem-estar ou sustentabilidade. Para o pesquisador, o modelo de abate praticado no Brasil segue uma lógica puramente extrativista: retira-se o máximo possível da natureza, sem levar em conta a taxa de reposição e boas práticas de biossegurança imprescindíveis sobretudo em um país com inegável vocação agrícola.
“Isso não só acelera o desaparecimento da espécie no país, como coloca em xeque a própria viabilidade econômica da atividade. O Brasil precisa decidir se seguirá um caminho científico e ético ou se continuará a reproduzir um ciclo de crueldade e exploração insustentável”, sentencia Escodro.